quarta-feira, 30 de junho de 2010

Somente os alcoólatras anônimos são felizes

Nomear alguém é sujeitar, é provar poder, submeter a seus desígnios.

Na mitologia cristã Deus dá a Adão o poder de nomear todos os animais, alegoria do poder humano, com a permissão do Senhor temos o direito de submeter todos os demais animais, e não é que realmente o fizemos?

Não seria mais justo se nós mesmos escolhêssemos nossos nomes? Assim o faríamos de acordo com nossa personalidade e de acordo com aquilo que pensamos, porém ao nascermos estamos totalmente sob o julgo dos adultos, mais especificamente nossos pais, sendo que eles nos nomeiam de acordo com suas crenças (inspirados em seus livros sagrados), homenageando parentes, ídolos (90% dos Edsons e Airtons que se vê por aí, fora os Maikon Jákçons, entre outros) ou simplesmente pelo nome lhes soar bonito.

Na escola sempre se arrumam apelidos, ou seja, depois de ganharmos um nome de nossos pais - que não pedimos - ganhamos outro dos colegas, que pior do que o primeiro, além de não termos pedido geralmente desgostamos, e quanto mais desgostamos mais esse bendito apelido se espalha, o que mostra o poder das massas sobre os indivíduos.

Nomeamos nossos animais de estimação porque são nossos (na acepção literal da palavra), só nós podemos fazê-lo, e com isso os submetemos à nossa vontade, não há opção, o poder impõe-se, é irrefutável.

Somente os alcoólatras anônimos são felizes. Sem nome, sem submissão.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"But before you go, can you look at the truth?"

Nunca esperei nada de ninguém, é simples e fácil, jamais me decepcionei. As esperanças é que distorcem a realidade. Tudo é uma merda, e desde que você não queira mais que isso, tudo fica bem. Uma vez me atrevi a esperar algo mais de alguém, a querer mais e a me dar mais, da altura em que eu estava é óbvio que foi um puta tombo. Eu devia saber que sorrisos e risadas fáceis demais não são bom sinal.

O grande problema quando seu mundo cai é que você se agacha, fecha os olhos e tenta se proteger, porém chega o momento de abri-los, esse é o pior de todos, porque está tudo arrasado e não há como correr sem tropeçar em todos os defeitos e erros e faltas e falhas e desculpas que não foram pedidas espalhadas pelo chão.

Fugir. Preciso fugir. Um lugar onde ainda não existo e possa me reinventar. Quem sabe algumas tatuagens e brincos não me fariam diferente? Talvez me fizessem um pouco feliz. Seria tão lindo simplesmente pegar o primeiro trem rumo a qualquer outra estação. Pedir carona rumo ao indefinido. Andar para onde meus pés quisessem. Parece tão fácil, não entendo. Não entendo.

Pequeno. Um buraco bem pequeno, onde coubesse só a mim, deitado, me cobriria e lá ficaria, só, no escuro, olhos fechados. Parece tão fácil, não entendo. Não entendo.

Quero nunca mais sorrir.

A pedra do gênesis

Melhor pecar conscientemente do que viver na ignorância.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Love is natural and real, but..."

...

Gosta e não gosta.

Às vezes até desgosta.

Mas o problema mesmo é quando ignora, aí sim as coisas se complicam...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Eles - Um

Se conheceram.

Primeiro encontro.
Deram certo porque ela amava a azeitona da panqueca e ele amava, porque ele sabia que tinha piadas horríveis e mesmo assim ela sorria, porque ele usava um penteado "acabei de acordar" e ela usava all star.

Porque queriam.

domingo, 20 de junho de 2010

De volta à rotina

Depois de três dias de feira do livro eis que o bom filho a casa torna!

Foram muitas palestras, livros, salões de idéias e boa música, além de um rombo monumental na minha conta bancária. Sou com livros como as mulheres (pelo menos boa parte delas) são com sapatos, é ver e querer, se tivesse ficado na feira mais dois dias com certeza aqui estaria apenas meu corpo, porque a alma eu já teria vendido...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Corrida

Correucorreucorreucorreu.
Só na linha de chegada percebeu que a vida era a estrada e não o objetivo final.
Que pena! Perdeu toda a paisagem.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Tecnologia

Msn, orkut, sms, celular, Twitter, monte de coisa inútil. Trocaria um mês disso por uma hora com ela.

domingo, 13 de junho de 2010

O que vem pela frente

Pedalávamos.
Atingimos, eu e ela, uma velocidade fantástica em pouco tempo, impressionante como conseguimos, não parecia algo normal e apesar disso era MUITO bom.

Eu guiava e queria acelerar cada vez mais, a estrada me parecia reta e com ela ao meu lado tudo parecia simples, não haveriam erros, era perfeito.

- Preciso falar sério com você. Ela disse.

Na minha inocência, inebriado com o vento em meu rosto e a alegria de simplesmente ir adiante mal percebia o que vinha pela frente.

Olhei para trás, a pedra era minúscula mas o tombo não foi.

Aprendemos a dirigir com calma e dentro dos limites de velocidade. Agora é ela quem vai ao guidom como em todos relacionamentos normais...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Quem realmente manda

- Pai, uma menina me chamou de cabeção.
O progenitor, muito envolvido com a abertura da copa, mal dá bola para o filho.
- E daí?
- O que eu faço pai?
- Sei lá, chama ela orelhuda.
- Mas a orelha dela é pequenininha!
- De nariguda então oras!
- O nariz dela parece o da Cameron Diaz...
- Então manda ela catar coquinho na ladeira!
- E eu posso ajudar ela?
O pai fica louco com a insistência do filho.
- CLARO QUE NÃO, PORQUE DIACHOS VOCÊ FARIA ISSO?
O meninote abaixa a cabeça.
- É que eu gosto dela pai.
Finalmente o pai desgruda os olhos da tela e pensa no caso do guri, entende pelo que passa o filho.
- Rapaz, esse negócio de gostar é coisa de boiola, macho que é macho pega, não gosta de mulher.
- É que eu queria dar um chocolate pra ela...
- QUE CHOCOLATE QUE NADA RAPAZ, FILHO MEU TEM QUE SER MACHO, CHEGA BEIJANDO, MOSTRA PRA ESSA MENINA QUEM É QUE MANDA!
A mãe da cozinha escuta a conversa.
- O que tá acontecendo aí na sala João, o que você tá falando pra esse menino?
- Nada não amorzinho, coisa nossa, sobre a copa...
- É bom mesmo, senão você já sabe né? Mais um mês...
- Não meu anjo, brincadeirinha, nada demais...
- Vem cá pra cozinha Marquinhos, deixa eu te explicar umas coisas sobre as mulheres...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Datado

Desde o início do ano eu sei que algo muito importante vai acontecer no dia 17 de agosto, eu estava sonhando, acordei de repente, não tenho idéia do que era nem do que seria, mas tenho certeza que dia 17 de agosto alguma coisa vai abalar meu mundo.

Alguém tinha morrido, lá estava eu, depois de uma noite inteira no velório havia adormecido no sofá. De um pulo acordei e reverberava em minha mente: "17 de agosto, 17 de agosto". Por algum motivo que não sei explicar eu sei que não era apenas um sonho, tenho medo dessa data, o problema é que não há o que eu faça, ela fica a cada dia mais próxima (parece uma constatação bem óbvia isso, mas o pior é que é mesmo!)...

O que será que vai acontecer? Alguém morrerá? Talvez eu! Será o dia em que finalmente encontrarei o amor da minha vida? Descobrirei que tenho um filho fruto de aventuras passadas? Passará na tv uma reprise do único episódio do Castelo Rá-tim-bum que eu não vi?

Diacho! Não tenho a mínima, e o pior é que nem sei se deveria ficar ansioso ou simplesmente aproveitar cada momento como se fosse o último porque agora sei a data de minha provável morte. Enfim, acho que vou optar pela segunda opção, o carpe diem parece sempre viável.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Avesso

E eis que tudo vira de cabeça para baixo.

O que podia acontecer de pior e de melhor acontece, e no meio disso tudo rir e chorar são coisas totalmente indistintas.

domingo, 6 de junho de 2010

Vendo com os próprios olhos

Lá estava eu, era um porre de uma aula de história antiga, estava quase dormindo nos fundos da sala...

- Os mitos gregos serviam para explicar a realidade em que viviam mas não compreendiam, daí surgiram suas lendas. Por esse mesmo motivo todas as sociedades criaram mitos, sendo Deus o maior deles.

Pouco me importava com o que ele estava falando, mas vi uma mão se levantando, não entendi o que aquele cara esquisito queria falar sobre aquilo, mas pelo menos curioso eu fiquei. Ele se colocou de pé.

- Professor, eu acredito em Deus.
- O QUÊ?
- Sim, acredito em Deus, em milagres e em um mundo melhor, para mim e para o senhor.

Conhecendo o professor eu vi que a coisa ia ficar feia, decidir abrir os dois olhos e prestar atenção de verdade. Ele começou a gargalhar com todo cinismo que era possível, alguns alunos o acompanharam com risadinhas maldosas.

- Quanta ingenuidade, eu acreditava nessa baboseira quando era criança. A ciência já explicou todas nossas dúvidas, não precisamos mais de Deus, esse delírio já foi ultrapassado. As pessoas estão evoluindo, se tornando mais inteligentes...

O pobre aluno estava notavelmente incomodado com a posição jocosa do professor, porém permanecia de pé, como que mostrando para o professor que aquilo não mudaria sua posição.

-...as pessoas mais estudadas e sábias já pararam de acreditar nessas besteiras, o mundo moderno já não pode achar que tem um cara lá de cima olhando pra gente como se fosse um imenso big brother e mexendo os pauzinho só pra ter mais graça. SERÁ QUE VOCÊ NÃO VÊ O QUÃO IDIOTA É ISSO? É TÃO ÓBVIO, COMO É POSSÍVEL NÃO ENXERGAR?

Então aconteceu o inconcebível, o que ninguém sequer ousou imaginar ser possível.

- AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!

O professor berrava ensandecido, ninguém entendeu o que ocorria. Tapou o rosto com as mãos e não parava de gritar.

- AAAAAAHHHHH!!!! NÃO ESTOU VENDO NADA!!! AAAAHHHH!!!!

Ninguém teve sequer a coragem de se mover ou falar alguma coisa. Eu fiquei paralisado olhando a cena e tentando entender que loucura era aquela. O rapaz que desafiou o professor estava boquiaberto, mais pra estátua que para um ser humano.

- AAAAAAHHH!!!!! MEUS OLHOS!!!!!! EU NÃO ESTOU ENXERGANDO!!!!!!!!

De repente ele se calou, os ecos dos gritos ressoaram por alguns instantes, tirou as mãos do rosto e olhou fixamente para seu aluno por alguns segundos.

Percebi que ele tinha voltado a enxergar.

Se virou e saiu pela porta correndo.

Ele nunca mais voltou à escola.

sábado, 5 de junho de 2010

...

À merda!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Velhinha, bota a mão na cabeça!

O ônibus estava praticamente vazio, entrei e sentei-me atrás de uma senhora de cabelos brancos que denunciavam sua pouca idade.

Eis que estava a pensar na vida quando escutei uma música muito alto na minha frente, notei que era o telefone da velhinha que tocava, foi totalmente assustador, enquanto ela abria a bolsa eu comecei a distinguir a música:

- "Bota a mão na cabeça que vai começar. O rebolation-tion, o rebolation-tion-tion..."

Eu estava incrédulo, como ela podia suportar aquele tipo de música?
E piora...

A anciã ao invés de atender ao telefone, simplesmente se levantou com ele na mão, segurou-se em uma barras de ferro do ônibus e começou a dançar o rebolation, ATÉ O CHÃO!!!

Fiquei atônito, meu queixo caiu e eu fiquei olhando e imaginando que os anti depressivos de hoje em dia deveriam ser usados com moderação. Então a senhora me olhou nos olhos, deu uma piscadinha, um sorriso, e se sentou em seu lugar como se nada tivesse acontecido.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

...

Existe vida após o tcc?