sexta-feira, 30 de julho de 2010

Como domingo

Há dias em que o azul do céu é tão maravilhoso que pouco se distingue do azul daquele mar de férias da infância. Dias em que o sol brilha tão intensamente que nos cega apenas de olhar para as brancas paredes de casa. O vento sopra delicadamente apenas para refrescar o calor e balançar o cabelo das belas garotas que saíram para tomar sorvete. Há dias em que os carros andam devagar apenas para aproveitar o gostinho de alegria da paisagem que se descortina pela estrada, dias em que os latidos dos cachorros soam como música.

Pois bem, não era um desses dias.

Era um dia triste. O céu estava azul e o sol brilhava como que para lhe dizer que toda alegria que existia não lhe pertencia. O vento balançava o cabelo das garotas apenas para lhe esnobar e mostrar que jamais as teria. Os carros queriam lhe atropelar e todos os cães queriam lhe rasgar a carne e comer seus intestinos.

Suicidou-se em pleno dia de seu aniversário.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A felicidade é doce

Os pés sujos e descalços sobre a varanda de terra batida da frente da casa mostravam a situação financeira da família.

Todo mundo tem um, dois, três ou mais primos pobres na família, muitos fazem questão de visitar e manter contato apenas com aqueles que possuem um nível sócio-econômico próximo ao seu. Era nisso que ele diferenciava de quase todas pessoas e do restante de seus consangüíneos.

Lá estava ele, diante daquela criança de pouco mais de quatro anos, as pernas sujas tinham vários roxos que pareciam ser de brincar na rua e fazer "artes", a pobreza até que tem seus prós.

Pediu um abraço, o guri ficou receoso de abraçar o primo, apesar de conhece-lo, ele sabia que a mãe ficaria brava se sujasse a roupa limpa do doutor (que se chamava Marcos). Mas a insistência não permitiu que o ele titubeasse mais, correu e o abraçou. Os sorrisos tinham motivos distintos, mas ambos muito sinceros, um sorria porque há muito não recebia um carinho e o outro porque há muito não via alguém que precisasse tanto de um.

Sentou-se ali mesmo, no chão, e conversou e conversou e conversou com a criança. Quando chamam esses bacuris de carentes não é só porque às vezes eles não tem o que comer, mas porque carinho, atenção e amor às vezes são o que mais lhes fazem falta.

Onde eu estava mesmo?

Lembrei (mentira, li aí em cima mesmo)! Sentado no chão de terra com o menino, pôde suprir um pouco do que ele precisava, e como só esse tipo de criança sabe fazer quando alguém lhe dá ouvidos, o projetinho de gente começou a falar tudo o que sabia e queria e podia o mais rápido que conseguiu. Quando já tinha falado quase tudo e o doutor (que na verdade não era doutor coisa nenhuma, apenas formado em um curso superior qualquer, mas para o menino aquilo era ser doutor) já começava a pensar de onde saía tanto fôlego o rapazinho falou algo que o chocou.

- ... e aí quando eu crescer eu vou trabalhar muito muito muito pra ganhar cinco reais e comprar aquelas barras de chocolate do mercado pra mim e para os meus irmãos...

Marcos não conseguiu escutar mais nada. Entrou em choque. Provavelmente o menino pediu para o pai o chocolate e eles lhe disseram que era muito caro e que só com muito trabalho um dia ele poderia comprar algo daquele tipo. Embaraçado com a situação fez o que qualquer pessoa decente faria, se levantou e se despediu do garoto com um forte abraço, entrou no seu carro e sumiu, nem se deu ao trabalho de chegar até a casa para cumprimentar os pais do garoto.

No outro dia pela manhã voltou com uma caixa enorme (enorme mesmo, era uma caixa de microondas) cheia de chocolates dos mais diversos tipos, as lágrimas do garoto ao se misturarem com as suas na hora do abraço foram a emoção mais verdadeira que teve em muito tempo.

Os chocolates lhe custaram o salário do mês, mas a felicidade que aquele momento proporcionou marcou para sempre sua memória.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Presente na ausência

Ela está morta. Não tenho como negar, haviam uma certidão de óbito, um corpo inerte, uma lápide e lágrimas.

Impossível negar.

Mas ao mesmo tempo ela está aqui, a vejo nos mesmos lugares onde sempre a via, e quando a comida está salgada ainda posso ouvi-la reclamando dos problemas de pressão que aquilo lhe acarretaria.

Quando conheço alguém interessante não posso evitar, a primeira voz que vem na minha mente ressoa com força: "Arruma uma namoradinha mais bonitinha, essa aí é muito feia pra você". Engraçado como ninguém era boa o suficiente para mim.

E nos sonhos, deu para freqüentá-los agora. Basta que minhas pálpebras se fechem e eis aquele sorrisinho, às vezes tampando a boca com vergonha da própria felicidade estampada nos dentes alvos.

Sabe de uma coisa, talvez esse negócio de morte não seja tão definitivo assim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Bom tocador

Esta é uma postagem programada, ontem à uma da madrugada uma ligação mudou meus planos do fim de semana e a essa altura do campeonato devo estar bêbado em alguma beira do Rio Grande pensando que cheguei ao paraíso antes mesmo de bater as botas. Mas como já tinha pensado no post de sexta achei melhor gastar uma meia horinha da minha madrugada pré viagem para deixar algo para quem tem coragem de visitar esse blog esquisito e sem graça de vez em quando.

João (sim, sei que sou péssimo com nomes de personagens, mas o que há de se fazer se o João sempre quer dar as caras?) sempre sonhou em tocar violão. Desde criança botou essa idéia na cabeça, nunca foi megalomaníaco de querer fazer sucesso com isso, mas tinha vontade de botar a mão no instrumento e tirar algo que as pessoas gostassem.

MINTO! desculpem-me, é que João é meio fanho e às vezes me confundo com o que ele fala!

A verdade é que João sempre sonhou tocar "O samba da minha terra" no violão, nem ele sabia bem o motivo disso, mas o caso é que João entrou na aula de violão única e exclusivamente para aprender esse música, explicou um monte de vezes para o professor que só queria aprender aquela música mas o danado lhe dizia que era impossível aprender só uma música, ainda mais uma tão difícil quanto aquela, daí João entrou na aula e penou para ir aprendendo tudo até ter capacidade para tocar João Gilberto.

Sempre dizem às crianças que elas podem ser tudo o que quiserem ser.

MENTIRA!

Repito: MENTIRA!!!

Um anão não pode ser modelo da Calvin Klein, Alguém com menos de um metro e alguma coisa de altura (oitenta ou setenta, acho) não pode ingressar na aeronáutica, um gago não pode ser radialista, o Tevez nem em sonho poderia ser modelo, o Edward (sim, do "Crepúsculo") jamais poderia ser macho! Só o Michael Jackson podia ser branco, criança, pedófilo, doido e tudo o mais que ele quisesse, porque ele era ele, mas aí já é a excessão que confirma a regra.

Mas voltando a história. João era simplesmente o pior violeiro que já tinha passado por aquela escola, ele era tão ruim, mas tão ruim, que no segundo mês de aula ele ainda tinha dúvidas sobre qual era o modo correto de colocar o violão no colo e sobre o porque de toda vez que ele tocava uma música parecia totalmente outro algo e ele não percebia. Era como se ele batesse no violão um Mozart e isso soasse como um nirvana, porém com Kurt chapado e as luzes piscando devido à morte.

O caso é que João não tinha a mínima aptidão para música. Depois de um ano sem conseguir realizar seu tão desejado sonho nosso herói decidiu simplesmente encher a cara. Chegou no buteco com o violão em mãos e pediu "aquela". Depois de umas quinze João mal sabia quem era, mas eis que chega uma turma super animada e se senta próximo a ele, depois de umas cachaças gritaram João.

- O rapaz, toca uma música aí pra gente!

João não sabia mais quem era, onde estava ou pra onde ia, porém não ousou recusar seu primeiro convite de tocar "artisticamente". Se aproximou e perguntou aos rapazes o que queriam escutar.

- Toca uma do João Gilberto aí vai!
- Que tal "O samba da minha terra" ein?

Ninguém sabe se foi a cachaça ou outra coisa, mas João sentou-se na roda, empunhou o violão como se fosse um expert, olhou na cara de todos e fez.

João virou o violão de cabeça pra baixo e começou a batucar a música como faria com um tamborim.

-"O samba da minha terra deixa a gente mole, quando se dança todo mundo bole..."

Neste dia João tocou como rei - mesmo que sempre de cabeça para baixo - e satisfez seu mais antigos sonhos, hoje ele é engraxate na praça quinze e ano que vem estreará sua nova linha de produtos de beleza

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Apologia à carona




Dedão e plaquinha na mão

Cheguei hoje de viagem, nada demais, apenas visitar alguns parentes e uma festinha de exposição agropecuária.

Na verdade o que mais me marcou na viagem foi a maneira como fui e voltei. A falta de dinheiro e o espírito aventureiro me convenceram (sem muito esforço) a ir de carona, afinal de contas o que são quase 300 quilômetros nesse Brasilzão de meu Deus não é mesmo?

Acordei na sexta-feira (detalhe: de ressaca) às oito e meia, arrumei a mala e a plaquinha do jeito que pude e saí correndo, nove e dez da manhã eis que lá estava eu fritando sob o sol e balançando minha linda placa para todo veículo que passava.

Depois de dez minutos passou um ônibus que ia para meu destino, o motorista me olhou bem maroto e pude ler em seus olhos, "não quer pagar passagem né? Então vai ficar aí o resto do dia (risada maléfica)". Juro pra vocês que ele pensou isso, não, eu não leio mentes, só percebi nos olhos dele mesmo!

Com toda a força que o pensamento positivo pode ter eu lutei contra as garras do pensamento terrível daquele motorista de fórmula 1 frustrado - sim, "O segredo" influência até pessoas aparentemente normais como eu - e depois de mais dez minutos consegui minha carona.

Acho que luto MUITO bem com as forças do pensamento positivo.
Vou explicar o motivo deste maiúsculo aí em cima.
É que minha intenção era sair de Franca (SP) e ir até Piumhi (MG), porém como a distância era muito grande para conseguir uma carona direto até meu destino (aprendi essa lição da primeira vez que pedi carona em minha vida e fiquei 4 horas à beira da rodovia, mas isso é caso pra outra hora), resolvi pedir uma carona até Passos e daí até Piumhi:




Pois não é que consegui carona diretamente até Piumhi? O rapaz que me deu carona ia sabe Deus pra onde, porém era pra frente de meu destino e ele me deixou lá, a apenas cinco quadras da casa de minha tia. O tal do pensamento positivo funciona ou não funciona ein, ein?

Quem tem boca vai à Franca

Depois de muita festa, todo mundo dizendo que adorava a Pitty, o Marcelo D2 mandando os seguranças acabarem com a raça do meu primo só porque ele queria subir no palco e milhares de gurias gritando loucamente e freneticamente "Luan Santana! Lindo! Eu te amo!", entre outras coisitas mais (algumas, inclusive, impublicáveis neste blog de família), eu tinha que vir embora né?

Às sete da manhã em ponto do dia de hoje eu e minha plaquinha da sorte nos prostramos ao pé da MG 050. Depois de 15 minutos e apenas três carros passarem eu vi que o negócio ia ser feio, andei mais um pouquinho até um posto de gasolina e - na cara dura - comecei a interrogar os caminhoneiros sobre seus destinos, já no segundo cabra com quem falei arrumei carona até Passos, o sujeito inclusive passaria por Franca se as balanças do destino e da estrada permitissem, o que era improvável, mas eis que a incrível força do pensamento positivo (que começo aqui a chamar também de mão de Deus) novamente se fez presente.

Meu recém amigo caminhoneiro, após uma hora de viagem andando em média à 50 quilômetros por hora (sim, terrível, houve um momento em que pensei até em ir a pé!), decidiu parar em um posto de gasolina para tomar um cafézinho, e não é que o primeiro carro que me aparece na frente tem a placa de Franca? Como rapaz tímido, quieto e introvertido que sou, fiz o que todas pessoas que carregam óleo de peroba na mala fariam, meti a cara na janela do sujeito e perguntei se ele e a família não queriam me levar pra casa.

Com um belo empurrão daquela mão que eu disse aí em cima o homem mandou a filha (que, diga-se de passagem, estava muito bem acomodada deitada no banco traseiro com vários travesseiros e edredons) sentar no cantinho e apertar as roupas de cama. Lar doce lar, me espere que estou chegando à 120 por hora!

Agora que já contei minha história farei jus ao título do post.

Carona é bom e todo mundo gosta, ou pelo menos deveria...

Viajar de ônibus é a coisa mais chata do mundo, cada um em seu banco com seus fones de ouvido torcendo para conseguir dormir até chegar ao destino, ou então esperando ansiosamente para que a pessoa que se sente ao seu lado seja o amor de sua vida ou pelo menos uma pessoa bonitinha para trocar uns beijinhos durante a viagem, o que NUNCA, acontece.

Quando se viaja de carona tudo é frio na barriga, há o medo de não conseguir transporte, o medo de desagradar e ser obrigado a descer e a possibilidade de acontecer algo com o automóvel (afinal de contas não é um ônibus, que tecnicamente teria que ser revisado sempre), em contraponto você com certeza irá conhecer pessoas ótimas, de enorme coração e que acreditam no ser humano (colocar um estranho dentro de seu carro no meio de uma rodovia não é algo para tolos que desconfiam até da própria sombra), acontecerão conversas ótimas que com certeza não serão iguais às de teu cotidiano, além, claro, de economizar uma grana (economizei 65 reais só nessa historinha boba aí de cima).

Carona é o ato de ocupar, em uma viagem, um ou mais assentos, poltronas, bancos ou lugares que estavam vagos. Ao fazer isto ao invés de se utilizar de outro veículo o caroneiro contribui para que menos CO2 seja jogado na atmosfera e o efeito estufa aumente. É sabido que um dos grandes problemas do uso que se faz dos automóveis hoje em dia é que eles nunca são ocupados em sua totalidade, ou seja, cinco pessoas que moram próximas às vezes vão para o mesmo lugar em cinco carros diferentes por puro egoísmo e individualismo, seria tão mais simples e vantajoso combinar um esquema de caronas não é mesmo?

A carona é um ato puramente humano. É por isso que digo, dê carona, peça carona, viaje de carona, vá de carona para o trabalho, para a aula de dança, para a chacrinha, para a escola, o show do exaltasamba, Barretos, Ilha do Mel, Oktoberfest, Miami, Paris, Londres, Tókio...



PS1: Por favor não comentem sobre a música e o vídeo, foi a única canção que lembrei que trata sobre caronas, para quem não escutou até o final nem conhece a música ela diz: "Rodoviária de maluco é posto de gasolina..."! Foi essa música que me fez pensar em pedir carona no posto!

PS2: Não, não gosto de Pitty, Marcelo D2 ou Luan Santana, fiz tudo isso em nome da aventura, da farra e dos amigos!

PS3: O caminhoneiro que me deu carona até Passos se chamava Adão, pensei em fazer aquela piadinha (que aliás é de para-choque de caminhão) que "feliz foi Adão, não teve sogra nem caminhão", mas achei melhor não arriscar minha passagem de volta...

PS4: Perdão por ter escrito tanto, mas acho que tantos dias sem internet me deixaram com muita vontade de postar!

PS5: Pra que tanto PS meu Deus?

sábado, 17 de julho de 2010

Viajando...

Agora só amanhã, aliás, só depois de depois de depois de amanhã.

Aproveitar as férias pra mim é respirar ares diferentes, o blog vai ter que esperar uns poucos diazinhos!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma bolinha, duas garrafas, dois cabos de vassoura e só

Ontem, pela primeira vez em meus quase 23 anos de vida, joguei ball and bets ou bolibete ou bete ou jogo da casinha ou lombo ou qualquer outro nome que dêem a este jogo.

O caso é que mesmo tendo vivido no interior durante toda minha vida e sempre tendo toda liberdade de ir e vir do mundo eu nunca me misturei àqueles muleques que perdiam tardes e noites tentando acertar uma bolinha de tênis no meio da rua.

Ontem tive um dia mágico. A primeira bola que veio em minha direção "beteei" longe, tão longe que conseguimos fazer dez pontos enquanto a bola não voltava. A partir desse momento todos os meus medos de não conseguir acertar a bolinha ou de ser um mal jogador se esvaíram, me deixei levar pelo ritmo daquele jogo que para mim parecia tão infantil.

Ontem eu entendi porque em tantos lugares tantas crianças brincam de bets.

Ontem brinquei até minhas pernas me fazerem desmontar na beira da calçada.

Senti raiva dos carros que insistiam em passar.

Entendi porque todos os poetas versam sobre sua meninice.

Notei que tenho milhares de coisas a conhecer na minha vida e que as melhores delas não estão nos livros.

Ontem dormi e acordei com gosto de infância na boca.

Ontem, eu quis ser Peter Pan.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sustos infantis

Acho que eu tinha oito ou nove anos, estava todo empolgado assistindo "Pokémon" no Cartoon Network quando aconteceu.

Foi algo ao mesmo tempo surpreendente e assustador, um choque, até hoje guardo lembranças do acontecido. Praticamente um divisor de águas na minha infância, ou talvez tenha marcado o fim dela ou o início da adolescência, sei lá!

Mas voltemos à história.

Estava eu a assistir as incríveis aventuras de Ash e Pikachu quando de repente a imagem da televisão ficou tremida e o desenho saiu do ar.

Quando a televisão voltou a sua nitidez habitual eu vi algo totalmente inédito. Um homem estava atrás de uma mulher, os dois estavam totalmente nús, ele estava grudado nela e fazia um movimento frenético de vai e vem, ela estava com as mãos e joelhos sobre a cama, como uma vaquinha ou o Gump, meu cachorro.

Fiquei estático observando o que acontecia, embasbacado, queria entender aquilo! Virei a cabeça de lado e fiquei a observar quando meu pai apareceu.

- O que é isso menino? O que você está assistindo? Como você conseguiu colocar nesse canal?

E eu lá, pasmo, nem responder meu pai eu consegui.

Ele pegou o controle remoto, olhou para a grade de canais e viu que realmente estava no Cartoon, desligou a televisão, pegou o telefone e ligou para algum lugar, não sei pra onde, mas eu nunca ouvi tantos xingamentos na minha vida.

Fiquei o resto da tarde sem conseguir falar com ninguém. Nunca mais assisti Pokemón.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Férias

Há oito dias que só tiro o pijama para tomar banho ou sair à noite.
Será que isto realmente é vida?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Em outra estação


Estive em outro lugar,

Diferente daqui.


Roupas eram apenas roupas

Rostos eram apenas rostos

Bonito ou feio eram falácias ao invés de adjetivos.


E ninguém tinha nada

E todos tinham tudo

Somos miseráveis aqui.


Os recônditos eram salões

A lua era o sol

A alegria eram as pessoas

E as estrelas, bem as estrelas merecem uma estrofe à parte.


Brilhavam e cintilavam

E piscavam e luziam e me olhavam

Tantas que me cegaram,

Entendi o significado de tapete de estrelas.


A felicidade era lei.

Por que voltei?

Ótima pergunta...