quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma linda noite de sexta-feira

Era sexta feira mas estava de bom humor, finalmente dois dias de descanso. Tinha chegado cansado do trabalho, arrumara tudo o que precisava e sentou-se no sofá da sala para ver o jornal, os filhos tinham saído e provavelmente só voltariam no dia seguinte. Quase no fim do jornal a mulher sentou-se a seu lado.


Apesar dos quarenta e dois anos era ainda muito bonita, praticamente sem rugas, os cabelos loiros desciam até a altura do ombro e ocultavam parte do colo cheio de sardas, a cintura não era mais aquela de quando se casaram vinte anos atrás, porém ainda tinha um belo desenho devido às caminhadas diárias, o que também acontecia com as pernas, junto a isso havia ainda a camisola semi transparente que a dava um ar intimista e asas à imaginação dele, não resistiu.

Vagarosamente passou as mãos pelas costas da esposa e buscou seus olhos.


- Amor...

- Fala Tião!

- As crianças saíram meu bem...

- Que crianças Tião? Aqueles marmanjos já estão é na hora de sair de casa! Respondeu ela sem tirar os olhos da TV.

- Ai amor, é tão bom quando ficamos sozinhos...

Só então ela percebeu as más (ou boas, aí depende da sua cabeça) intenções do marido.

- Pelo amor de Deus Tião, isso é hora?

- E desde quando a gente precisa de hora pra isso Tetéinha? Disse ele com um sorriso maroto nos lábios.

Finalmente ela desgruda os olhos da televisão e olha para o marido.

- Você já teve o seu desse mês homem, agora dá licença que eu vou ver a minha novela!

- Mas Tetéinha...

- Não tem nada de Tetéinha, vai logo pro banho que você já está fedendo, e não quero ouvir mais nenhuma palavra que começou, olha só, você me fez perder o começo da novela!

Revoltado, mas sem ter o que fazer, Tião foi para o banho, colocou a água no gelado e ficou a ensaboar-se. Quando já estava acabando o banho escutou um barulho violentíssimo na frente da casa, enrolou a primeira toalha que viu na cintura e correu pra ver o que estava acontecendo. Ao passar pela sala viu a mulher pasma de pé olhando pela janela, saiu pela porta e entendeu.

Parou no meio da garagem e prestou atenção aos detalhes daquele acontecimento tão insólito. De alguma maneira uma caminhonete se arrebentou entre o muro e o portão de sua casa, o motorista parecia desacordado. De repente um barulho: Iiinnnhhheeeeccc... Foi o tempo de Tião pular para trás, seu portão de dois mil reais novinho em folha se arrebentou no chão. Provavelmente por causa do barulho o rapaz do carro acordou e abriu a porta amassada do veículo, aparentava cerca de 20 anos de idade, saiu meio capengando de um lado para o outro, quando finalmente conseguiu se firmar olhou bem para o meio da garagem e viu Tião parado.

- Ôôô rapaiiz, acho que eu encostei no seu portão um tiquinho né? "Percupa" não que eu coloco no lugar amanhã! Kkkkkkk!

- Levantar nada, você vai ter é que me comprar outro seu malandro!

- Não é por nada "tio", mas o senhor aceita cartão? Kkkkkkk.

Parece que essa piada era bem mais engraçada para o motorista que para Tião, o dono da casa mal acreditou no que ouviu, para piorar a situação o moço sentou no chão e danou a gargalhar.


- Você acha engraçado quebrar a casa dos outros assim seu "muleque"? Você está louco? Aposto que deve mexer com aquela erva do capeta que falaram no culto ontem!

Ao ouvir isso o "muleque" ficou quieto, olhou diretamente nos olhos de Tião e disse com um ar muito sério:

- Antes de me ofender acho melhor o senhor pensar bem no que fala viu? Eu não mexo com droga nenhuma, só fumo e cheiro! Kkkkkkkkkkk.

Não se sabe muito bem se foi a piada ou os acontecimentos anteriores que motivaram Tião, mas o caso é que ele partiu com tudo pra cima do rapaz que ainda estava sentado no chão, depois de uns três socos no ar e uns dois no alvo Tião escutou a sirene e os gritos, ninguém sabe quem os chamou ou de onde apareceram, ele só percebeu quando o seguraram e jogaram pra dentro do camburão.

Ao chegar na delegacia abriram as portas da viatura.

- Pode descer Pato Donald!

Tião não entendeu nada e nem achou que era com ele até levar o puxão no braço e ouvir o grito:

- DESCE LOGO PATO DONALD!

Só então se deu conta do que acontecia, além de estar só de toalha na delegacia, deu o azar de estar com uma toalha antiga de um dos filhos que tinha uma cara enorme do Pato Donald estampada. Ligou para o primo advogado salvá-lo.

Chegou em casa às três da manhã morto de cansaço, a mulher e os vizinhos tinham colocado vários papelões para fazerem as vezes de portão até o dia seguinte. A esposa o esperava deitada com a luz acesa.

- Deu tudo certo amor?

- Uai Ana, tirando o fato de serem três da manhã e eu não ter dormido nada ainda e de termos um portão pra consertar amanhã, até que está tudo bem, além da minha gastrite nervosa claro! Foi respondendo ele enquanto deitava ao lado da esposa.

- Sabe o que é Tião? Disse ela enquanto passava as mãos na careca do marido.

- O quê?

- É que você estava tão másculo brigando com aquele menino mais cedo... Aquela toalhinha e seu ar de irritado te deixaram tão sexy amor...

- Então, sabe o que é Ana?

- O que Fofucho? Rebateu ela dando um pulinho na cama para o lado dele se insinuando e sorrindo.

- Nada amor, nada. Boa noite. Virou para o lado e apagou a luz.


PS: Pessoal, desculpe estar meio sumido do mundo blogueiro, mas é que as faculdades me apertaram, mas sempre que der eu apareço!

domingo, 19 de setembro de 2010

...

Me perco entre o passado e futuro e o hoje nunca é presente.

Dylan

The times they are a-changing.

sábado, 18 de setembro de 2010

Um "negócio" dos grandes

Confesso que era muito grande.

Me assustava com aquilo. Meus amigos em algumas ocasiões olhavam e ficavam constrangidos, viravam para o lado como que para esconder-se.

É claro que eu não podia sair por aí mostrando pra todo mundo, mas as poucas mulheres que viam também se assustavam:

- Meu Deus, como pode?!... desse tamanho???

Outras ficavam amedrontadas:

- Isso deve machucar, não encosta em mim...

Era uma situação difícil a que eu vivia, apesar de sempre haver quem achasse uma grande vantagem e dissesse até que eu devia ficar me exibindo, eu realmente não conseguia e sempre tinha dificuldades.

Até mesmo andar rua era desconfortável, sempre tinha alguém que percebia, mesmo eu fazendo de tudo pra esconder, mas como é que eu podia esconder um negócio daquele tamanho?

Para piorar minha situação parece que a cada dia "aquilo" se tornava maior, não sei como era possível, mas ficava! Para evitar me constranger - eu já não tinha como esconder - comecei a ficar em casa, nem à aula ia mais.

Era uma bela manhã de domingo. Chovia, meu pai sentou-se ao meu lado na cama e pegou minha mão com força.

- Dá esse mão aqui agora que vou cortar sua unha, absurdo uma unha desse tamanho por pura preguiça, e amanhã você vai parar de frescura e vai pra aula de novo senão te pego de reio menino!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Punhos inúteis

Então sorriu, levantou a cabeça e encarou-o.

O outro soco atingiu-lhe diretamente as costelas, recuperou o fôlego e sorriu novamente.

Desta vez o chute atingiu-lhe o rosto, caiu de costas, sangrava.

Gargalhou com força e vontade, e mais notável ainda, com sinceridade.

O agressor foi embora derrotado e humilhado, perdera a batalha sem levar nem um golpe, pelo menos nenhum físico.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mudança

Às oito da manhã:

- Cadê ela? Precisamos arrumar essas coisas que estão no caminho senão não poderemos fazer mais nada!
- Não sei, ela disse que tinha que fazer alguma coisa por aí, vamos fazer do nosso jeito, não tem como errar, camas e guarda-roupas nos quartos, televisão na sala e por aí vai, se esperarmos que ela volte pra dizer onde colocar as coisas a gente só acaba amanhã!

Às seis da tarde:

- Que bom que a senhora chegou dona, demorou mas acabamos de acabar o serviço, olha que beleza!
- Meu Deus do céu! Vocês colocaram tudo no lugar errado!
- Como assim? Será que a cama ia na cozinha, a televisão no banheiro e os guarda-roupas no quintal?
- Não, não são esses móveis! O problema é que os livros iam metade pro meu quarto e a outra metade pro quarto dos fundos; as almofadas não ficam todas juntas, as azuis precisam ficar na sala de visitas, as verdes na de televisão e as outras vou jogar no lixo; o computador fica no quartinho dos fundos, mas o modem e o roteador ficam na cozinha; o quadro de girassóis tem que ficar na sala de jantar e o painel de fotos na sala de visitas, vocês colocaram ao contrário; a galinha de crochê não é enfeite do rack, ela segura a porta da cozinha...

No dia seguinte, mudando tudo de lugar:

- É Zé, bem que a gente podia ter esperado ela chegar né?
- Pois é, não ia acabar ontem, mas pelo menos a gente fazia "menas" força...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

S entre quatro paredes

Após não conseguir se conter e soltar o sulfuroso no elevador, fez o que qualquer pessoa educada faria, apontou para o filho: "Que feio ein Pedrinho?"