terça-feira, 5 de julho de 2011

De como aprendi a chorar

O dia amanheceu azul e quente, os pássaros piavam alegremente enquanto comiam as aranhas em meu quintal. Na verdade não era bem assim. O fato é que o dia acordou cinzento e gelado, alguns passarinhos devem ter morrido eletrocutados na recém colocada cerca elétrica, porém vemos o mundo com os olhos do coração, para mim o dia estava muito azul e os pássaros mais vivos do que nunca, alguns, inclusive, cantavam Beatles.

A insistência da urgência do encontro era ambígua, podia representar saudades ou más notícias.

Preferi não chegar a muitas conclusões antecipadamente, sempre gostei de surpresas.

Ao abrir a porta de casa senti um arrepio frio, voltei e coloquei um casaco. Passei rapidamente pelo quintal, ignorando por completo os cadáveres com penugem chamuscada pelo chão.

O olhar me disse tudo já no primeiro momento. Me esforcei pra adoçar o café, o açúcar não me adiantou de muita coisa. Abotoei o casaco até o pescoço.

Então ouvi, porque um olhar pode mostrar o que acontece, mas não explica. Citações de músicas, filmes e histórias, palavras e mais palavras, até através do riso houveram tentativas. Mas certas coisas são o que são e só se pode explicar aquilo que nasce no cérebro. Não era o caso.

Era quase noite. O céu era quase morto. Era quase muito frio pra sentir.

Nenhuma estrela apresentou-se. Meu guia foi o vinho e o frio, vaguei.

Nina Simone on my head.

Chorei depois da meia noite. Porque não se deve chorar em um dia que começou com pássaros cantando Beatles.

sábado, 11 de junho de 2011

Depois de anos esperando finalmente tive aquele tão sonhado beijo, e além, pude provar a doçura de cada pedaço daquele corpo (eu devia falar da cor do pecado, mas seria por demais óbvio).

Tudo é tão recente e foi tão súbito que ainda posso sentir o toque em minha pele, cada arrepio que pulava por trás de minha orelha faz questão de se repetir, como o ato reflexo de um membro fantasma.

Porém ao invés de estar feliz estou confuso. Amo desesperadamente mas tenho que manter-me firme em minha postura desleixada, afinal de contas não foi esta a única maneira pela qual consegui conquistá-la depois de quatro anos de tentativas frustradas?

E essa ânsia louca em meu estômago querendo saber onde ela está me corrói até o âmago, tortura qualquer bom senso que posso ter e faz com que a pergunta não pare de ressoar em minha cabeça: Será que ela está com ele, COM ELE???