Era um dia nublado e úmido, durante a noite a chuva havia encharcado as ruas e telhados e calçadas, de forma que era necessário andar no canto da calçada para não tomar um banho de água suja dos carros que passavam atrasados para chegar à algum lugar chato onde fariam coisas que não queriam por um valor injusto.
Cheguei à pracinha para fazer a reportagem por volta das nove e meia da manhã. Sob uma das árvores havia um amontoado de folhas e galhos secos que poderiam alimentar uma bela fogueira em um dia de São João; ao lado havia um amontoado de cobertores de lã, daqueles cinzas que as avós costumam ter e só utilizam quando têm muita visita em casa e os edredons bonitinhos não são suficientes.
De repente, o amontoado de cobertores se mexe; paro e observo. Com dificuldade um senhor de cabelo e barba brancos e mal feitos joga de lado uma parte dos cobertores e libera sua cabeça para o mundo. Passara a noite ali e se escondera da chuva sob os cobertores, por causa do aguaçal o peso era grande, mais se esgueirando para fora do que tentando se livrar de suas pesadas mantas ele escapa. Com muito esforço Maguin (como vim a saber) se levantou, era perceptível que tinha sérios problemas nas articulações, movimentava-se quase como um robô enferrujado. Fazia de tudo para não ter que dobrar os joelhos, andava girando o corpo, primeiro da direita para a esquerda, depois da direita para a esquerda. Fez isso até chegar a um grupo de três homens sentados em um banco da praça. Um dos homens lhe ofereceu um copo descartável com pinga. Sem trocarem nenhuma palavra Maguin, de um só gole, bebeu o que restava no copo, devolveu o copo e ainda sem falar nada voltou andando com a mesma dificuldade para sua cama, onde se cobriu, se molhou e dormiu.
Mais um homem se juntou ao grupo. Eu não sabia muito bem como me aproximar, fui andando vagarosamente como se estivesse apenas passando. A sorte me deu empurrãozinho.
- “Ei rapaz, dá uma intera aí pra gente comprar uma pinga, essa aqui já está acabando! Na verdade a garrafa de refrigerante dois litros estava na metade.
- É, pode ser cinqüenta centavos, a gente bebe mas a gente fala, a gente fica aqui de boa e não atrapalha ninguém.”
Aquela era minha chance, peguei a carteira, dei cinco reais pra um deles e pedi pra voltar com o troco, a felicidade deles ao ver que tinham ganhado mais um trago era grande, sentei-me.
- “Ô China, faz um rap aí para o rapaz, você gosta de rap? Qual seu nome?”
- Meu nome é Matheus. – não consegui responder à pergunta sobre meus gostos musicais. China me interrompeu pra cantar seu rap.
- “Um muleque gente boa, está com nóis irmão, chegou na humildade e ajudou, o que importa é Jesus Cristo e humildade, que os bens material daqui nóis num leva, paz irmão, humildade e Deus no coração. Eu bebo sim, e tô vivendo, tem gente que não bebe e tá morrendo, é isso aí irmão, na humildade!”
Continua depois de amanhã...
Esperarei a continuação do texto, muito interessante, como tudo que vc escreve; sua escrita vai nos envolvendo e qdo percebermos, estamos vivendo imagens, sons e cores do texto...
ResponderExcluirAbçs!
Oi Matheus...saudades...
ResponderExcluirQue bom que voltou....fez falta por aqui...
Volta com um texto muito interessante...vou ficar esperando o próximo...gostando muito...
bjos!!!!!
Zil
Olha nao venho postando com tanta frequencia no meu blog, to sem tempo e pior ainda, só visito os blogs e nem consigo comentar (agora a minha situ normalizou), mas esses dias eu estava pensando: Por onde andam as atualizações do blog "Tudo o que eu não sou".
ResponderExcluirAcho que fiquei depressiva com a sua ausencia e escrevi aquele texto..kkkkkkkkkkkkkkk..pode deixar que o momento darkness ja passou..hahahaha
e óh...interessantissima essa história. Moradores de rua sao carentes, eles sao tratados como seres de outro mundo, no fundo eles so querem ser compreendidos..o cara gente boa compos uma musica pra vc..hahahaha..adorei, sua vida é um tanto assim...diferente! rs
beijosss
q bom que voltou, pelo visto o TCC ficou bom..rs
Ééééé rapaizinho!
ResponderExcluirPensei em vc ontem!Pensa que é assim? some e boa??
han!só perdoo pq era por uma causa nobre.Na verdade, que mais toma tempo e esquenta a cabeça do que dá nobreza, eu acho.
Enfim, fiquei muito feliz quando vi seu comentário!cê viu que fofura?!aaaaaaah jura que vc achou que era eu?!*--*
Eu posto uma foto minha bebê qualquer dia!
Se na sua casa com Má e Má já dá problema imagina quando minha mãe era solteira: são em 7 irmãos e os sete começam com O !E tudo uns nome leeeeeeeeendo tipo Osmara, Osmarli, da minha mãe é Onélia.Até que eu gosto sabe.
Mas é isso ai!Na humildade mano, pq nois bebe e tá vivendo e quem não bebe tá morrendo!
hahahahaha
adorei!
vou por no status do orkut!
rsrsrs
tem pessoas que sabem das coisas né?
beijokas!
Estamos felizes com seu retorno e por compartilhar seu interativo e interessante trabalho, engraçado depoimentos: "Eu bebo sim, e tô vivendo, tem gente que não bebe e tá morrendo"...
ResponderExcluirUm beijo!
obAAAAAAAAA É MUITO BOM TE-LO DE VOLTA!!!
ResponderExcluirXEROOO
ahh sinta-se convidade pra conhecer nosso sertãoo
...que delícia ver vc novamente
ResponderExcluirbisbilhotando minha casa!
aqui como sempre, a coisa fica boa
quando vc começa a contar 'causos'.
com pinga ou sem pinga,
vou seguir a história para
ver onde vai dar...
bj, lindo!
hauhauahauahua
ResponderExcluirEsse mendigo podia compor pros Racionais,ein!
Rsrsrs
ResponderExcluirtava sumido eim moçinho!
Belo texto, rsrs
Saudade de vc, e nossa Jose Cuervo?!
Não me esqueci... mega beijo! :*
Seria cômico se não fosse tão trágico. rs
ResponderExcluirEle voltou, olha que lindo! Adorei o seu comment-post, é bom saber que também sentem falta das minhas palavras. Foi muito chato esse tempo sem teus textos, faça isso de novo não, viu. E essa história, hum... Promete!
Beijos, honey.