terça-feira, 11 de maio de 2010

Meia história de amor

Sem dúvidas eram o par mais lindo da fábrica.

Tanto que nem puderam viver seu amor em paz por muito tempo, logo foram despachados pra uma loja no interior de São Paulo, tão interior que era praticamente Minas Gerais, a diferença só era perceptível no mapa.

Pois nem faziam bem dois dias que estavam na nova loja quando foram interrompidos bem na hr H! Não houve o que se fazer, lá foram eles, juntinhos, embora pra casa, imaginando o que seria de suas existências.

Ficaram em um canto escuro, sem se separar por um segundo que fosse, nem pra ir ao banheiro, e afinal de contas isso não era necessário mesmo. O que eles faziam era praticamente a concretização daquela música da Cássia Eller (ou do Cazuza, ou do Barão Vermelho, sei lá...), "ser teu pão, ser tua comida, todo amor que houver nessa vida..."

Dois dias depois tiveram suas pacatas existências abaladas, num furor violento foram arrancados um do outro, não entendiam o que estava acontecendo, só sentiam todo seu corpo sendo apertado e comprimido contra uma espécie de parede, apesar da loucura do que acontecia, foram deixados à uma distância em que era possível se verem e falarem:

- Amor, volte pra mim!
- O que está acontecendo minha fofinha?
- Também não sei meu morninho.
(não continuarei o diálogo para que esse melado não escorra no teclado de ninguém e depois ainda venham me processar por estragar o computador alheio!)

Depois de várias horas desse melodrama mexicano eles foram jogados, já exaustos, em um lugar escuro e fedorento, estavam juntos, porém não podiam ver nada, apenas sentiam aquele cheiro horrível.

- Amore mio, que pútrido cheiro será esse?
A voz veio de um lugar que não conseguiram reconhecer, era grossa e retumbou como se fosse um tambor:
- Nunca sentiu cheiro de chulé não ô coalhada azeda? Você fala como se estivesse numa novela do Ruy Barbosa, esse ar todo sedoso não me engana não rapá, tu é boiola!

Diante de tamanha violência nosso herói simplesmente ficou mudo, aquela voz de trovão calou toda e qualquer coragem que havia no coitado.

Fez-se o silêncio, nosso intrépido casal adormeceu, só acordaram com uma tremedeira brusca que acometeu o ambiente. De repente ele se encontrava só. Sua amada tinha sido levada e estava na mesma posição do dia anterior quando ficaram separados podendo apenas gritar um para o outro, porém dessa vez ao seu lado não estava aquele com quem ela queria dividir sua existência, agora era preto, muito maior do que ela, tinha aparência rústica e grosseira, eram totalmente diferentes, ela era extremamente branca (à distância diria-se até que era feita do mais puro algodão), pequenina e singela.

Na primeira palavra ela reconheceu que era a voz assustadora do dia anterior. Ele lhe lançou as mais belas cantadas:

- Tem dois ovos em cima da ladeira
Ela tentou evitar, mas a curiosidade a impediu:
- E daí?
- Rola ou não rola?
O esforço que ela fez para se segurar foi enorme, ele conseguira mexer com seu coraçãozinho, mas lutou e por fim conseguiu manter a postura de séria, o problema é que ele estava só começando...
- Seu nome é Tamara não é?
- Não, por que?
- Porque você TAMARAvilhosa!
Ela simplesmente fechou os olhos e se lembrou daquele que tinha povoado seus sonhos por tanto tempo, o romantismo que ele colocava em cada palavra. O problema é que aquela coisa preta tinha um sorrisinho tão diferente, tão, tão... sacana... ela sabia que apenas a sombra de um sorriso seu poderia dar brecha para aquele grosso e fazê-lo ir adiante com as investidas, fez o que podia: fechou a cara.
Diante da impassividade dela ele não se deu por vencido:
- Lindeza, eu não sou o banco itaú mas fui feito pra você!
- O que esse bombonzinho tá fazendo fora da caixa?
- Se beleza fosse crime você pegaria prisão perpétua!

Depois de tudo isso ela já não conseguiu mais se segurar! Abriu a boca para gritar que sim, que estava louca por ele, ia se entregar por inteira, queria ser jogada na parede e ser chamada de lagartixa... foi quando ouviu várias gargalhadas. Milhares de crianças ao redor deles os olhavam e riam, apontavam e gritavam:

- O Carlinhos usa meias de cores diferentes!
- kkkkkkkkkkkkkk
- O Carlos não sabe diferenciar meia branca de meia preta!
E riam feito loucas, as crianças se esbaldavam, alguns menores chegaram a molhar as calças de tanto rir e tiveram que correr para o banheiro.

Carlos correu pra longe da multidão, tirou o tênis, arrancou as meias e jogou as duas no lixo!

- Enfim sós ein meu pedacinho de algodão?
- Nem me fale meu carvãozinho, já não aguentava mais te esperar!

E viveram fedidos para sempre!

Ou vocês estavam realmente pensando que uma mulher ia cair nessas cantadas?

4 comentários:

  1. hahahahahahhahaha...no coments!

    diferente, eu diria...

    só duas perguntas: a cidade beeem do interior, na divisa com minas que só se nota a diferença no mapa, é Franca?
    E Math, de onde vc tirou essas cantadas?Vc,de fato, as usa (não se sinta intimidado)?

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  2. Com certeza eu as uso senhorita Ane, por achas q ainda estou solteiro nesse mundo de meu Deus?

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  3. nossa, se vc as usa significa que eu estou falhando na minha missão de amiga e vc com certeza não tem mais amigo nenhum nesse mundo, pq se permitem que vc as use, só querem o seu mal!!! huahauhauuhauauauha

    vc não respondeu sobre a cidade...

    meia e sapato tem tudo a ver, não acha?

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  4. hausdhuashudahusdshuadhua

    Pois eh.

    O caso eh q este post ainda tem outra ligação direta com a SUA realidade, ou não reparaste quem é o cara das meias?

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