quarta-feira, 21 de julho de 2010

Apologia à carona




Dedão e plaquinha na mão

Cheguei hoje de viagem, nada demais, apenas visitar alguns parentes e uma festinha de exposição agropecuária.

Na verdade o que mais me marcou na viagem foi a maneira como fui e voltei. A falta de dinheiro e o espírito aventureiro me convenceram (sem muito esforço) a ir de carona, afinal de contas o que são quase 300 quilômetros nesse Brasilzão de meu Deus não é mesmo?

Acordei na sexta-feira (detalhe: de ressaca) às oito e meia, arrumei a mala e a plaquinha do jeito que pude e saí correndo, nove e dez da manhã eis que lá estava eu fritando sob o sol e balançando minha linda placa para todo veículo que passava.

Depois de dez minutos passou um ônibus que ia para meu destino, o motorista me olhou bem maroto e pude ler em seus olhos, "não quer pagar passagem né? Então vai ficar aí o resto do dia (risada maléfica)". Juro pra vocês que ele pensou isso, não, eu não leio mentes, só percebi nos olhos dele mesmo!

Com toda a força que o pensamento positivo pode ter eu lutei contra as garras do pensamento terrível daquele motorista de fórmula 1 frustrado - sim, "O segredo" influência até pessoas aparentemente normais como eu - e depois de mais dez minutos consegui minha carona.

Acho que luto MUITO bem com as forças do pensamento positivo.
Vou explicar o motivo deste maiúsculo aí em cima.
É que minha intenção era sair de Franca (SP) e ir até Piumhi (MG), porém como a distância era muito grande para conseguir uma carona direto até meu destino (aprendi essa lição da primeira vez que pedi carona em minha vida e fiquei 4 horas à beira da rodovia, mas isso é caso pra outra hora), resolvi pedir uma carona até Passos e daí até Piumhi:




Pois não é que consegui carona diretamente até Piumhi? O rapaz que me deu carona ia sabe Deus pra onde, porém era pra frente de meu destino e ele me deixou lá, a apenas cinco quadras da casa de minha tia. O tal do pensamento positivo funciona ou não funciona ein, ein?

Quem tem boca vai à Franca

Depois de muita festa, todo mundo dizendo que adorava a Pitty, o Marcelo D2 mandando os seguranças acabarem com a raça do meu primo só porque ele queria subir no palco e milhares de gurias gritando loucamente e freneticamente "Luan Santana! Lindo! Eu te amo!", entre outras coisitas mais (algumas, inclusive, impublicáveis neste blog de família), eu tinha que vir embora né?

Às sete da manhã em ponto do dia de hoje eu e minha plaquinha da sorte nos prostramos ao pé da MG 050. Depois de 15 minutos e apenas três carros passarem eu vi que o negócio ia ser feio, andei mais um pouquinho até um posto de gasolina e - na cara dura - comecei a interrogar os caminhoneiros sobre seus destinos, já no segundo cabra com quem falei arrumei carona até Passos, o sujeito inclusive passaria por Franca se as balanças do destino e da estrada permitissem, o que era improvável, mas eis que a incrível força do pensamento positivo (que começo aqui a chamar também de mão de Deus) novamente se fez presente.

Meu recém amigo caminhoneiro, após uma hora de viagem andando em média à 50 quilômetros por hora (sim, terrível, houve um momento em que pensei até em ir a pé!), decidiu parar em um posto de gasolina para tomar um cafézinho, e não é que o primeiro carro que me aparece na frente tem a placa de Franca? Como rapaz tímido, quieto e introvertido que sou, fiz o que todas pessoas que carregam óleo de peroba na mala fariam, meti a cara na janela do sujeito e perguntei se ele e a família não queriam me levar pra casa.

Com um belo empurrão daquela mão que eu disse aí em cima o homem mandou a filha (que, diga-se de passagem, estava muito bem acomodada deitada no banco traseiro com vários travesseiros e edredons) sentar no cantinho e apertar as roupas de cama. Lar doce lar, me espere que estou chegando à 120 por hora!

Agora que já contei minha história farei jus ao título do post.

Carona é bom e todo mundo gosta, ou pelo menos deveria...

Viajar de ônibus é a coisa mais chata do mundo, cada um em seu banco com seus fones de ouvido torcendo para conseguir dormir até chegar ao destino, ou então esperando ansiosamente para que a pessoa que se sente ao seu lado seja o amor de sua vida ou pelo menos uma pessoa bonitinha para trocar uns beijinhos durante a viagem, o que NUNCA, acontece.

Quando se viaja de carona tudo é frio na barriga, há o medo de não conseguir transporte, o medo de desagradar e ser obrigado a descer e a possibilidade de acontecer algo com o automóvel (afinal de contas não é um ônibus, que tecnicamente teria que ser revisado sempre), em contraponto você com certeza irá conhecer pessoas ótimas, de enorme coração e que acreditam no ser humano (colocar um estranho dentro de seu carro no meio de uma rodovia não é algo para tolos que desconfiam até da própria sombra), acontecerão conversas ótimas que com certeza não serão iguais às de teu cotidiano, além, claro, de economizar uma grana (economizei 65 reais só nessa historinha boba aí de cima).

Carona é o ato de ocupar, em uma viagem, um ou mais assentos, poltronas, bancos ou lugares que estavam vagos. Ao fazer isto ao invés de se utilizar de outro veículo o caroneiro contribui para que menos CO2 seja jogado na atmosfera e o efeito estufa aumente. É sabido que um dos grandes problemas do uso que se faz dos automóveis hoje em dia é que eles nunca são ocupados em sua totalidade, ou seja, cinco pessoas que moram próximas às vezes vão para o mesmo lugar em cinco carros diferentes por puro egoísmo e individualismo, seria tão mais simples e vantajoso combinar um esquema de caronas não é mesmo?

A carona é um ato puramente humano. É por isso que digo, dê carona, peça carona, viaje de carona, vá de carona para o trabalho, para a aula de dança, para a chacrinha, para a escola, o show do exaltasamba, Barretos, Ilha do Mel, Oktoberfest, Miami, Paris, Londres, Tókio...



PS1: Por favor não comentem sobre a música e o vídeo, foi a única canção que lembrei que trata sobre caronas, para quem não escutou até o final nem conhece a música ela diz: "Rodoviária de maluco é posto de gasolina..."! Foi essa música que me fez pensar em pedir carona no posto!

PS2: Não, não gosto de Pitty, Marcelo D2 ou Luan Santana, fiz tudo isso em nome da aventura, da farra e dos amigos!

PS3: O caminhoneiro que me deu carona até Passos se chamava Adão, pensei em fazer aquela piadinha (que aliás é de para-choque de caminhão) que "feliz foi Adão, não teve sogra nem caminhão", mas achei melhor não arriscar minha passagem de volta...

PS4: Perdão por ter escrito tanto, mas acho que tantos dias sem internet me deixaram com muita vontade de postar!

PS5: Pra que tanto PS meu Deus?

11 comentários:

  1. Olá!
    Nossa, que bacana essa aventura de pedir carona. Um colega meu viajou a américa do Sul toda só por carona. E sempre que ele precisava de dinheiro, trabalhava como guia e tradutor [já que ele fala 4 idiomas]
    Você é de Franca?
    Somos praticamente vizinhos rsrsr

    Ótima quarta-feira
    ;*

    Marina

    ResponderExcluir
  2. Adooooooooooooooooooooooro!!!!
    sou louca pra fazer isso, mas confesso que morro de medo de ser estuprada.hahahahhaa
    mas é sério, pra mulher é meio complicado.Mas deixa pra mim, qlqr dia desses eu não me garanto...
    ;)

    ResponderExcluir
  3. Ora, mas eu não compro nenhum produto, meu rapaz.

    Nem Deus, nem Maomé.

    Dedico toda a minha fé ao Monstro Espaguete Voador, não a essas divindades genocidas!

    ResponderExcluir
  4. E só um detalhezinho menor... tendo em vista que o deus de Maomé se fundamenta nos mesmos profetas do deus cristão - dentre os quais, os principais como Moisés, Elias e mesmo Jesus - é um pouco de desonestidade querer separar um do outro, posto que são, no fundo, a mesma coisa...

    ResponderExcluir
  5. O único e verdadeiro criador, e seus apêndices macarrônicos que sobraçam altaneiros sobre a criação:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Flying_Spaghetti_Monsterism

    ResponderExcluir
  6. ...Matheus,
    você deve ser uma companhia e tanto
    nesta história de caronas...rsrs

    owww menino falador, my God!

    tenho certeza que ao seu lado
    nenhum motorista dorme...

    rsrs

    bj

    ResponderExcluir
  7. Carona deve ser algo realmente muito divertido. E concordo contigo: coisa chata é viajar de ônibus (e falo isso como alguém que já passou quase 10 horas em um)!

    ResponderExcluir
  8. Sou de Campinas... Assim, não é tããoo perto mas de todos os leitores do meu blog, você é a cidade mais perto rsrs a maioria são do ceará

    ;*

    ResponderExcluir
  9. Você tá brincando? Que da hooooora! Master aventura! Nunca pensei em fazer isso, acho que nem tenho coragem. Realmente o povo olha pra quem pede carona, como se fossem todos ladrões, mas existem pessoas boas, graças a Deus.
    PS: O seu texto está tão bom que eu nem me liguei que estava enorme..li tudinho e se tivesse mais, eu leria! rs

    ResponderExcluir
  10. hauahuahauahauahuahauahau

    Ai,menino do céu!

    Vc é engraçado demais da conta! kkkk

    ResponderExcluir
  11. uma aventura mesmo! passei por aventuras nesse mês também, mas não tão arriscadas.
    o teu texto quase teria me convencido da utilidade fantástica da carona, se não fosse o fato d'eu ser big sedentária e super nervosa.
    sei lá, depois dessas coisas que andam passando na TV, eu fico aflita, sabe? vai que numa carona dessas eu sou estuprada, desossada e viro comidinha de cachorro? melhor não, né.
    prefiro pagar mais caro, contribuir pro aquecimento global (¬¬), e ir sentadinha e bonitinha ao meu destino, garantindo mais cinco minutinhos de vida.

    si, soy melodramática!

    tá muito bom esse texto, me diverti muito! rs

    beijão!

    ResponderExcluir